terça-feira, 31 de julho de 2012

Mercosul chancela entrada da Venezuela e quer mais parceiros

Mercosul inclui Caracas e tenta nova ampliação
Autor(es): TÂNIA MONTEIRO , LISANDRA PARAGUASSU
O Estado de S. Paulo - 31/07/2012
 
Presidentes devem discutir hoje em Brasília novas regras para facilitar entrada de outros parceiros, mesmo que tenham tratados de comércio com outros países

Além de chancelar a entrada da Venezuela no Mercosul, a reunião do bloco que será realizada hoje deverá começar a discutir também uma maneira de mudar as regras para que se permita a entrada de novos parceiros ao mercado comum sem os tropeços que ocorreram com a mais recente adesão. Entraves como acordos comerciais com terceiros países, por exemplo, poderiam ser revistos pelos presidentes.
Na última reunião do grupo, em Mendoza, na Argentina, em junho, a presidente Dilma Rousseff destacou que este semestre seria de "desafios e oportunidades". A presidente Dilma defendeu a integração das economias da região como forma de enfrentar a crise econômica e "convocou" os países da região a ingressar no Mercosul.
O bloco tem hoje quatro pedidos de adesão em aberto: Bolívia e Equador, que tiveram os convites para integrar o bloco formalizados na reunião de Assunção, e Suriname e Guiana, que fizeram o pedido, mas não obtiveram resposta. Somado, o Produto Interno Bruto (PIB) dos quatro não chega a US$ 200 bilhões.
Apesar de não desprezar a entrada desses quatro possíveis parceiros, o Brasil gostaria de atrair as demais economias fortes da região, como Colômbia, Peru e Chile. Os três países alcançam, juntos, mais de US$ 1 trilhão de PIB. Mas os três têm acordos comerciais com os EUA, o que impediu sua adesão ao bloco.
O Itamaraty nega que essas mudanças estejam em negociação. Mas o tema está na cabeça da presidente, que pretende aproveitar a presidência rotativa do Brasil no Mercosul para apresentar novas ideias. Uma outra delas, vista como entrave pela presidente, é a necessidade de a aprovação de um novo membro ter de ser ratificada pelos Congressos de todos os países. A não aprovação da Venezuela pelo Congresso paraguaio atrasou em pelo menos três anos a entrada do novo membro - que, na verdade, só foi concluída com a suspensão do Paraguai. Dilma acredita que o bloco precisa se fortalecer comercialmente. "A convocação que nós fazemos a todos os países para integrar o Mercosul, esse mercado comum que construímos ao longo do esforço de várias décadas é um elemento desse desafio e dessa oportunidade", disse Dilma aos presidentes da Unasul, em Mendoza, convidando os demais países desse outro bloco a ingressar no Mercosul.
Interlocutores do governo advertem que os países do bloco e, em particular o Brasil, estariam preocupados com a crescente influência da China na região, especialmente depois da criação da Aliança do Pacífico, grupo que serve de contrapeso ao Mercosul e teria maior aproximação com a Ásia. Na última reunião do bloco, o Brasil teria pressionado pela integração imediata da Venezuela ao Mercosul, justamente com objetivos comerciais.
Ao desembarcar em Brasília, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, disse que há muito tempo a Venezuela deveria estar no Mercosul e "a forma de recuperar o tempo é andar rápido". A presidente Dilma receberia Chávez ontem para um jantar no Palácio do Alvorada.
Hoje, o Mercosul é formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai ( suspenso) e a Venezuela, que passa a fazer parte oficialmente a partir do dia 13 e deve ter os primeiros produtos fazendo parte da Tarifa Externa Comum a partir de janeiro. Chanceleres do Mercosul concordaram ontem em dar quatro anos de prazo para que a Venezuela se adapte às normas do bloco.
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quinta-feira, 26 de julho de 2012

Debate Aberto do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre o Oriente Médio – Pronunciamento da Embaixadora do Brasil, Maria Luiza Ribeiro

Oriente Médio
Oriente Médio (Photo credit: Wikipedia)

Ministério das Relações Exteriores
Assessoria de Imprensa do Gabinete
Nota à Imprensa nº 189
25 de julho de 2012
Debate Aberto do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre o Oriente Médio – Pronunciamento da Embaixadora do Brasil, Maria Luiza Ribeiro Viotti
Nova York, 25 de julho de 2012
(English version below)
“Sr. Presidente,
Agradeço a Vossa Excelência por organizar este debate aberto. Também agradeço ao Coordenador Especial Robert Serry pelo informe.
Estes são tempos particularmente difíceis e desafiadores. Enquanto a comunidade internacional ainda enfrenta mandatos a serem cumpridos no Oriente Médio, novas demandas surgem. Um compromisso renovado e fortalecido com a diplomacia é exigido deste Conselho.
Acompanhamos com angústia e com extrema inquietação a escalada da crise na Síria. Estamos profundamente preocupados ao vermos as dificuldades que este Conselho tem encontrado para enviar uma mensagem unívoca em resposta aos últimos acontecimentos.
Um cessar-fogo urgente é imperativo e isso requer um apoio resoluto ao Enviado Especial Conjunto Kofi Annan, ao seu plano de seis pontos e ao Comunicado Final do Grupo de Ação de Genebra. Este Conselho deve se esforçar ainda mais para cumprir com as suas responsabilidades a esse respeito. O Brasil apoia a abordagem usada pelo Grupo de Ação e encoraja fortemente o Conselho de Segurança a endossar o Comunicado.
Os esforços do Sr. Annan rumo a uma solução negociada e a uma transição política encabeçada pelos sírios continuam a ser apoiados pela comunidade internacional. É a melhor – para não dizer única - possibilidade de evitar o aprofundamento de ciclo de destruição que poderá apenas causar mais sofrimento à população síria, gerando fluxos crescentes de refugiados e aumentando o risco de afetar a região como um todo, com consequências imprevisíveis para o Oriente Médio e para a paz e segurança internacionais.
Infelizmente, como foi apontado pela Cruz Vermelho, enfrentamos os terríveis sintomas e consequências do que pode ser agora caracterizado como um conflito armado não-internacional.
Todas as partes devem cumprir suas obrigações para deter a violência, mas a responsabilidade primordial nesta questão cai sobre o Governo da Síria. Também repudiamos ataques terroristas contra a infraestrutura civil.
A extensão da missão de monitoramento da ONU por 30 dias é bem-vinda. Devemos garantir que ela contribua para mudar a dinâmica no terreno, de forma a trazer as partes à mesa de negociação o mais rápido possível.
Onze observadores brasileiros serviram na UNSMIS nos últimos três meses. Infelizmente, o seu trabalho foi limitado pela falta de condições mínimas de segurança. Reiteramos que todas as partes devem assegurar a segurança e a liberdade de movimentação dos observadores e cooperar com a missão.
Com grande preocupação, tomamos nota das recentes declarações relacionadas a armas químicas, em contradição direta com normas internacionais estabelecidas há tempos e com os princípios contidos não apenas na Convenção sobre Armas Químicas, mas também no Protocolo de Genebra de 1925, do qual a Síria é parte desde 1968.
Sr. Presidente,
Ainda não vimos desenvolvimentos significativos no processo de paz entre Israel e Palestina, há muito paralisado. Lamentamos que tentativas recentes de retomar as negociações tenham sido infrutíferas.
A paralisia do processo de paz confere ainda mais relevo à questão dos assentamentos israelenses. Os assentamentos são ilegais perante o direito internacional, contrários à paz, prejudiciais às preocupações de segurança de Israel, e uma ameaça à solução de dois Estados.
São perturbadoras as tentativas de se afirmar a legalidade dos assentamentos e dos postos fronteiriços. Isso apoia-se em um raciocínio que vai de encontro à solução de dois Estados e aos direitos inalienáveis do povo palestino.
Frente a esses movimentos, o reconhecimento do Estado palestino com base nas fronteiras de 1967 e a sua admissão como um membro desta Organização é plenamente justificável, como recordou a Presidenta Dilma Roussef perante a Assembleia Geral em setembro do ano passado.
Devemos apoiar um papel de maior relevo do Conselho no Processo de Paz do Oriente Médio. O Conselho deve exercer suas responsabilidades e renovar os esforços para lidar com a questão Israel-Palestina, que é, inegavelmente, um dos principais desafios na agenda internacional de paz e segurança hoje. O Conselho deveria receber relatos regulares do Quarteto e ter os elementos necessários para avaliar o progresso ou a falta desse. Na ausência de progresso, o Conselho deve cumprir o seu papel, oferecendo orientação.
Consideramos que o apoio de outros atores contribuiria para a retomada urgente das negociações. Um esforço renovado e coletivo para transformar a dinâmica e superar a inércia política deveria ser seriamente considerado. Um Quarteto inoperante e um Conselho de Segurança silencioso não estão a serviço da paz.
Senhor Presidente,
Elogiamos o povo egípcio pela realização de eleições livres e justas que consolidaram ainda mais o caminho pacífico do Egito rumo à democracia. O Brasil também recebe com satisfação a realização de eleições legislativas na Líbia, com ampla participação popular, e parabeniza o povo e o Governo da Líbia por esse importante passo no seu processo de transição democrática. Do mesmo modo, reconhecemos os progressos positivos na Tunísia, onde um vibrante debate público sobre o futuro do país está sendo realizado em um ambiente democrático.
O Brasil também se congratula com o Governo do Líbano por reunir novamente o Diálogo Nacional em tempos tão desafiadores. A importância da estabilidade e do progresso no Líbano dificilmente pode ser exacerbada.
Obrigada”

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quarta-feira, 18 de julho de 2012

Reforma de cotas no Fundo deve ficar apenas para 2014

Reforma de cotas no Fundo deve ficar apenas para 2014

Valor Econômico

 

Por De Genebra e Washington
A reforma que redistribui poder decisório no FMI, aumentando a fatia de países como o Brasil, corre o risco de só entrar em vigor em 2014, afirma o diretor-executivo do Brasil e mais oito países no Fundo, Paulo Nogueira Batista Júnior.
A data programada para a implementação da reforma, aprovada em 2010, é outubro deste ano, na reunião do Fundo em Tóquio, desde que 113 países com 86% do poder de voto a ratifiquem. Mas estão faltando 25 países e 26% do poder de voto.
Sobretudo um deles, o maior acionista do Fundo, os Estados Unidos, hoje com 16,75% do poder de voto, que dificilmente ratificará a reforma antes da eleição de novembro. Para os Estados Unidos, a reforma das cotas também implica um aporte de capital de US$ 65 bilhões, como um dos desdobramentos do reforço de caixa do FMI negociado na reunião do G-20 de 2009 em Londres.
O presidente Barack Obama, que tenta conseguir um segundo mandato numa disputa que promete ser apertada, não está se empenhando para aprovar a reforma de cotas já. Ele evita dar munição à oposição republicana, que acusa o governo de usar dinheiro do contribuinte americano para salvar a Europa.
Depois das eleições, aumentam as chances de a reforma de cotas ser aprovada pelo Congresso. O governo de Obama foi um aliado importante dos países emergentes durante as negociações das cotas, que devem levar à perda de poder de voto de economias europeias.
Fora do clima eleitoral, não se espera maior resistência da oposição republicana no Congresso, já que o aporte de recursos no FMI na prática não implica em aumento do déficit público nem do endividamento. O Estados Unidos devem fazer um aporte de US$ 65 bilhões no FMI, mas, em troca, vão contabilizar um crédito perante o Fundo do mesmo valor. Um lançamento anula o outro do ponto de vista fiscal.
Outro ponto negociado em 2010 com futuro incerto é a reforma na diretoria-executiva do Fundo, que toma algumas das decisões mais importantes no dia-a-dia do organismo. A obrigação da Europa de entregar duas de suas oito cadeiras na diretoria executiva, em beneficio de países em desenvolvimento, só vai assim vigorar a partir de 2014.
Os europeus estão se organizando já para indicar o que farão, no que Nogueira Batista chama de arranjo intra-europeu para melhorar a representação de emergentes da própria União Europeia.
"Não tem sentido dizer que a Europa está abrindo mão de muito poder e passando para os emergentes", afirmou ele, qualificando essa interpretação de "manobra diversionista".
A Bélgica, Holanda e Luxemburgo vão se juntar numa cadeira. Por sua vez, a Turquia terá o comando de uma diretoria em rotação com Hungria e República Tcheca, por exemplo. E a Suíça passará a dividir uma diretoria executiva com a Polônia, mas assumindo primeiro.
Nogueira Batista nega que o Brasil tenha buscado uma diretoria própria. "Isso não tem fundamento, continuamos interessados em manter uma cadeira com vários países porque isso nos fortalece", afirmou.
Em todo caso, o que importa é a distribuição de poder de voto, que tende a não se alterar até 2014. Essa reforma, a segunda feita desde 2008, aumenta as cotas do Brasil do 1,78% atual para 2,32%. Antes disse, o Brasil tinha um peso de apenas 1,38% no Fundo. Há ainda uma nova rodada de negociações para ampliar mais o peso dos emergentes no organismo, mas economias europeias seguem pouco dispostas a ceder poder. (AM e AR)

terça-feira, 17 de julho de 2012

Painel impõe derrota à China

China Insurance Building (中国保险大厦), Shanghai
China Insurance Building (中国保险大厦), Shanghai (Photo credit: thewamphyri)

Valor Econômico - Painel impõe derrota à China

Por Agências internacionais
Um painel da Organização Mundial do Comércio (OMC) concordou com a queixa dos Estados Unidos de que a China discrimina injustamente empresas de serviços de pagamento eletrônico ao fazer exigências a elas que não são aplicadas a companhias locais.
A China autoriza apenas a companhia local China UnionPay a processar transações na moeda local, yuan, e exige que todos os cartões bancários emitidos no país tenham o logo dessa empresa. Os juízes da OMC afirmaram que a China impõe quatro diferentes exigências às companhias estrangeiras que violam as regras da entidade. Eles rejeitaram, no entanto, o argumento de que a UnionPay monopoliza o mercado de pagamentos com cartões em yuan na China.
Visa, MasterCard e American Express, que tentam crescer no mercado chinês, estão entre as empresas beneficiadas pela sentença.
Para Scott Lincicome, advogado da White & Case LLP, a sentença não agrada 100% nenhum dos dois países. "Uma coisa que nós podemos dizer ao certo é que ambos os lados vão apelar."
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sexta-feira, 13 de julho de 2012

Violência na Síria


Ministério das Relações Exteriores
Assessoria de Imprensa do Gabinete
Nota à Imprensa nº 173
13 de julho de 2012
Violência na Síria
O Governo brasileiro tomou conhecimento, com grande preocupação, da utilização de armamento pesado contra civis pelo Governo sírio na vila de Trem-seh, perto da cidade de Hama.
O Brasil condena veementemente a repressão violenta contra civis desarmados e recorda os compromissos do Governo sírio, contidos no Plano de Paz de seis pontos do Enviado Especial da ONU e da Liga Árabe, Kofi Annan, de cessar imediatamente toda movimentação de tropas e o uso de armamento pesado em áreas urbanas.
O Governo brasileiro insta o Governo sírio a interromper imediatamente quaisquer ações militares contra civis desarmados e a cooperar com a Missão de Supervisão das Nações Unidas na Síria (UNSMIS) permitindo-lhe acesso irrestrito aos locais conflagrados por conflitos, conforme mandato do Conselho de Segurança da ONU, por meio das Resoluções 2042 e 2043.
O Brasil reitera seu apoio aos resultados da Conferência de Grupo de Ação sobre a Síria, realizada em Genebra, em 30 de junho de 2012.