Oriente Médio (Photo credit: Wikipedia) |
Ministério das Relações Exteriores
Assessoria de Imprensa do Gabinete
Nota à Imprensa nº 189
25 de julho de 2012
Debate Aberto do Conselho de Segurança das Nações Unidas
sobre o Oriente Médio – Pronunciamento da Embaixadora do Brasil, Maria Luiza Ribeiro Viotti
Nova York, 25 de julho de 2012
(English
version below)
“Sr. Presidente,
Agradeço a Vossa Excelência por organizar este debate aberto. Também agradeço ao Coordenador Especial Robert Serry pelo
informe.
Estes
são tempos particularmente difíceis e desafiadores. Enquanto a
comunidade internacional ainda enfrenta mandatos
a serem cumpridos no Oriente Médio, novas demandas surgem. Um
compromisso renovado e fortalecido com a diplomacia é exigido deste
Conselho.
Acompanhamos
com angústia e com extrema inquietação a escalada da crise na Síria.
Estamos profundamente preocupados
ao vermos as dificuldades que este Conselho tem encontrado para enviar
uma mensagem unívoca em resposta aos últimos acontecimentos.
Um
cessar-fogo urgente é imperativo e isso requer um apoio resoluto ao
Enviado Especial Conjunto Kofi Annan, ao seu
plano de seis pontos e ao Comunicado Final do Grupo de Ação de Genebra.
Este Conselho deve se esforçar ainda mais para cumprir com as suas
responsabilidades a esse respeito. O Brasil apoia a abordagem usada pelo
Grupo de Ação e encoraja fortemente o Conselho
de Segurança a endossar o Comunicado.
Os
esforços do Sr. Annan rumo a uma solução negociada e a uma transição
política encabeçada pelos sírios continuam a
ser apoiados pela comunidade internacional. É a melhor – para não dizer
única - possibilidade de evitar o aprofundamento de ciclo de destruição
que poderá apenas causar mais sofrimento à população síria, gerando
fluxos crescentes de refugiados e aumentando
o risco de afetar a região como um todo, com consequências imprevisíveis
para o Oriente Médio e para a paz e segurança internacionais.
Infelizmente, como foi apontado pela Cruz Vermelho, enfrentamos os terríveis sintomas e consequências do que pode ser
agora caracterizado como um conflito armado não-internacional.
Todas as partes devem cumprir suas obrigações para deter a violência, mas a responsabilidade primordial nesta questão
cai sobre o Governo da Síria. Também repudiamos ataques terroristas contra a infraestrutura civil.
A extensão da missão de monitoramento da ONU por 30 dias é bem-vinda. Devemos garantir que ela contribua para mudar
a dinâmica no terreno, de forma a trazer as partes à mesa de negociação o mais rápido possível.
Onze
observadores brasileiros serviram na UNSMIS nos últimos três meses.
Infelizmente, o seu trabalho foi limitado pela
falta de condições mínimas de segurança. Reiteramos que todas as partes
devem assegurar a segurança e a liberdade de movimentação dos
observadores e cooperar com a missão.
Com
grande preocupação, tomamos nota das recentes declarações relacionadas a
armas químicas, em contradição direta com
normas internacionais estabelecidas há tempos e com os princípios
contidos não apenas na Convenção sobre Armas Químicas, mas também no
Protocolo de Genebra de 1925, do qual a Síria é parte desde 1968.
Sr. Presidente,
Ainda não vimos desenvolvimentos significativos no processo de paz entre Israel e Palestina, há muito paralisado. Lamentamos
que tentativas recentes de retomar as negociações tenham sido infrutíferas.
A
paralisia do processo de paz confere ainda mais relevo à questão dos
assentamentos israelenses. Os assentamentos são
ilegais perante o direito internacional, contrários à paz, prejudiciais
às preocupações de segurança de Israel, e uma ameaça à solução de dois
Estados.
São perturbadoras as tentativas de se afirmar a legalidade dos assentamentos e dos postos fronteiriços. Isso apoia-se
em um raciocínio que vai de encontro à solução de dois Estados e aos direitos inalienáveis do povo palestino.
Frente
a esses movimentos, o reconhecimento do Estado palestino com base nas
fronteiras de 1967 e a sua admissão como
um membro desta Organização é plenamente justificável, como recordou a
Presidenta Dilma Roussef perante a Assembleia Geral em setembro do ano
passado.
Devemos
apoiar um papel de maior relevo do Conselho no Processo de Paz do
Oriente Médio. O Conselho deve exercer suas
responsabilidades e renovar os esforços para lidar com a questão
Israel-Palestina, que é, inegavelmente, um dos principais desafios na
agenda internacional de paz e segurança hoje. O Conselho deveria receber
relatos regulares do Quarteto e ter os elementos
necessários para avaliar o progresso ou a falta desse. Na ausência de
progresso, o Conselho deve cumprir o seu papel, oferecendo orientação.
Consideramos
que o apoio de outros atores contribuiria para a retomada urgente das
negociações. Um esforço renovado
e coletivo para transformar a dinâmica e superar a inércia política
deveria ser seriamente considerado. Um Quarteto inoperante e um Conselho
de Segurança silencioso não estão a serviço da paz.
Senhor Presidente,
Elogiamos
o povo egípcio pela realização de eleições livres e justas que
consolidaram ainda mais o caminho pacífico
do Egito rumo à democracia. O Brasil também recebe com satisfação a
realização de eleições legislativas na Líbia, com ampla participação
popular, e parabeniza o povo e o Governo da Líbia por esse importante
passo no seu processo de transição democrática. Do
mesmo modo, reconhecemos os progressos positivos na Tunísia, onde um
vibrante debate público sobre o futuro do país está sendo realizado em
um ambiente democrático.
O Brasil também se congratula com o Governo do Líbano por reunir novamente o Diálogo Nacional em tempos tão desafiadores.
A importância da estabilidade e do progresso no Líbano dificilmente pode ser exacerbada.
Obrigada”
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